Uma lição muitas vezes só vem quando sentimos falta de algo. Temos tido em abundância novas experiências nesta jornada, porém já estamos sentindo muita falta de algumas coisas… duas delas são PESSOAS importantes que estão distante e a outra é o FUTEBOL. Abaixo vou explicar o que estas duas tem a ver com esta lição.
Descartado no futebol
Estávamos no Equador, era uma tarde de domingo com muito sol, durante um passeio por um bonito parque avistamos uma turma jogando futebol… perfeito, pensei eu. Chegamos perto, usando a camisa do Brasil (pensei que isto ajudaria), depois de uns 5 minutos para tomar coragem, perguntei com uma quase certeza da resposta positiva: “posso jogar com vocês?” (claro que em um sofrido espanhol) minha grande expectativa foi frustrada com uma resposta negativa e a justificativa foi de que já tinha muita gente. Nossa! Sem saber muito bem o porque, eu me senti muito mal, desnecessário, descartável e impotente. E isto se repetiu em um formato parecido na Colômbia e outra vez na Nova Zelândia. Ainda estou buscando entender bem o porque deste forte sentimento de descarte (além do que seria normal diante de uma resposta negativa), porém deixando agora de lado uma avaliação mais profunda, de uma coisa tenho certeza, da próxima vez que estiver jogando futebol (seja onde for) vou prestar mais atenção para com as pessoas que estão em volta assistindo, talvez elas estejam na mesma situação que eu estive.
Pessoas importantes e distantes
Eu e a Rakel temos percebido como amigos e familiares fazem falta em uma rotina. Em nossa experiência durante este ano, não ficamos com as mesmas pessoas por mais de 4 ou 5 dias, e nossa média é dormir em um lugar diferente a cada 2 ou 3 dias. A transição física é tranquila comparada a transição dos relacionamentos. Iniciar novos relacionamentos com tanta frequencia, sempre iniciando com coisas básicas como “com o que você trabalha?” e “o que você gosta de fazer?” e raramente aprofundando uma conversa, faz com que valorizemos ainda mais nossos amigos e familiares. Por isto a frase que aprendemos com o nosso amigo Tércio “dê flores em vida” ou uma adaptação “dê flores enquanto você está perto”, faz ainda mais sentido agora.
Relacionamentos rápidos, inesperados mas relevantes
Quando lembramos dos lugares que passamos, temos uma lembrança especial dos lugares que envolveram pessoas. Alguns albergues simplesmente dormimos e partimos, outros, além disto, tivemos a oportunidade de conhecer pessoas e é impressionante a diferença que isto faz em nossa lembrança. Muitos destes relacionamentos começaram alguns minutos antes de partirmos (infelizmente), normalmente com a pergunta básica de mochileiros “de onde você é?”, e aqueles minutos de conversa com pessoas de lugares muito diferentes e as trocas de experiências foram surpreendentemente relevantes, normalmente gerando um grande desejo de permanecermos por mais tempo próximos daquelas pessoas. Uma experiência muito marcante neste aspecto foi um encontro inusitado em um Hostel de Évora (Portugal), onde percebemos que havia no mesmo hostel pessoas de 6 continentes (Oceania, América do Sul, América do Norte, Europa, África, Ásia).
A vida perde a graça sem elas
Mais recentemente ficamos em um albergue gigantesco praticamente sozinhos, só com os funcionários. Andar pelos longos corredores silenciosos dos quartos não dava uma sensação tão ruim quanto comer a sós em um refeitório para umas 100 pessoas. Faltava o barulho dos talheres, das cadeiras, dos passos e das portas batendo, a conversa alta dos grupos, as risadas escandalosas, faltava gente naquele lugar. Em um outro albergue tivemos o mesmo sentimento ao ocupar um dormitório de 10 camas, vazio. Vamos confessar que as vezes não é muito agradável com elas, alguns roncam, outros chegam bêbados no meio da noite e ainda querem conversar contigo, mas é pior sem elas, pois sentimos falta de conviver com pessoas, e não faz sentido ocupar um espaço tão grande sem a presença delas. Já aproveitando, o inverno não é a melhor época para viajar, as vezes parece que você é o único turista na cidade, e todos os moradores dali parecem estar aproveitando o calor de suas lareiras enquanto tomam chocolate quente.
Não dá para viver isolado
A Raroway não teria chegado onde chegou se no nosso caminho não houvessem pessoas que nos ajudaram com apoio, inspiração, informação, tradução, carona, orientação, hospedagem, indicação, conselhos, referências, e de muitas outras maneiras, a quem somos muitíssimos gratos.
Nossa personalidade não é do tipo que gosta de estar cercada por pessoas a todo tempo e talvez por isso não dávamos muito valor a esse lema difundido na igreja que participamos, “pessoas precisam de pessoas”, porém neste ano temos comprovado de diversas maneiras que essa é uma verdade.
*tristezas *para serem amadas
Qto ao futebol,… Rodolfo, um pouco de sensibilidade da tua parte faz bem. Apesar do passado recente que ainda nos assusta, somos ainda o país do futebol e quem vai dar brecha para um craque brasileiro dar um show no campo? Pode ter cara de alemão, mas é brasileiro.
Falando sério,há coisas que realmente acontecem com a gente e nos faz sentir como é o outro lado. Sou filha de pastor, passei minha infância e juventude sendo paparicada pela galera da igreja. Podiam não saber o meu nome e,muitas vezes, me apresentavam como A FILHA DO PASTOR. Aquilo soava forte e me dava privilégios como sorrisos, apresentações, abraços e até mimos. Claro, que havia cobranças, mas eu era CONHECIDA, A FILHA DO PASTOR. Um grau de importância. Hoje, sou só um membro da igreja. Parece maldade falar assim, mas é incrível ver e sentir essa diferença. Por quê? Para que essa diferença? Coisas do homem e ,se bobear, coisas nossas. Aprendi a olhar a alma. Todo o ser humano tem uma. Não sabemos como ela é, só que ela existe e é ela que Deus quer salvar. Aprendi a ver o SER humano, pois atrás de cada corpo existe alguém que tem sentimentos, ressentimentos, alegrias, tristeza e uma história. Aprendi? Estou aprendendo, pois Deus tem me levado a ver o coração das pessoas, a respeitá-lo, a amá-lo ,independente do que o corpo diz, ou faz. É difícil, é desafiador, é instigante e , acima de tudo, é algo bastante gratificante.Realmente, pessoas precisam de pessoas para serem amados e/ou simplesmente amarem. Bjs, fui!!!
É por isso que o segundo grande mandamento é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Precisamos de pessoas, fomos feitos para amar. Gosto de falar para as meninas que adoramos a Deus, amamos as pessoas e gostamos das coisas. Essa é uma forma de estabelecermos as prioridades que devem saltar aos nossos olhos no dia a dia, para nos fazer ver o quão importante é acordarmos louvando a Deus, desejando mais um dia com Ele e para Ele, e não trocarmos as pessoas por coisas(emprego, casa, herança, carro, roupas, shopping,construção de uma igreja). Vcs deixaram marcas nas pessoas aqui e onde passaram, lembranças que serão contadas aos filhos, netos e outros amigos. Conversas em que seus nomes serão citados. Cabe a nós escolhermos de que forma seremos citados, cabe a nós escolhermos como tb citaremos o nome de outras pessoas. Encharcados pelo amor de Deus, teremos muitos para citar ora com alegria, ora com sabedoria, ora com o desejo de perdoar.Muito bom o texto de vcs e digno de meditação. Bjs, fui!!!
Obrigada por compartilharem suas vidas com a gente, especial demais esta lição.
abraço!
Olá, amigos! Quanta profundidade nesta lição 9! Vocês fazem falta por aqui, friends!! Alemão, você pode jogar no meu time quando voltar…hehehe! Abração forte nosso! Amamos vocês!
Acho que nós (Aline e Dudu) somos muito parecidos em não ser do tipo de estar cercados por pessoas o tempo todo, mas nossa mudança pra Curitiba nos mostrou o qto amamos estar com nossos amigos e família e qto eles fazem falta por perto…. claro que nem aos pés do que vcs tem vivido nessa fantástica experiência.
Amei ler a 9º lição! Valeu e vamos dar flores enquanto estamos perto!!!!!!
É, nessas horas que vemos o quanto é verdade e importante o que a Marta, Tércio e MontSerrat valorizam tanto.. que pessoas precisam de pessoas!
Vcs são especiais e moram em nosso coração!
Abração!!
Achei muito interessante voces estarem falando sobre isso porque apesar de eu estar ha 15 anos nos Estados Unidos ainda hoje sinto falta de varias pessoas que fizeram parte da minha vida no Brasil e tambem e muito dificil ter que controlar a alegria de ir buscar a familia ou amigos no aeroporto e duro demais ir deixa-los. Sempre brinco com os meus amigos daqui que um dia vou escrever um livro A Vida de um imigrante… Enfim para mim ate hoje e complicado viver se despedindo das pessoas que amo seja aqui ou no Brasil talvez voces tenham tido uma nocao de como e dificil estar longe mesmo sendo uma opcao de vida. Parabens pela experiencia de vida que voces tiveram a coragem de encarar. Com carinho.
Rodolfo e Rakel
Obrigado pelo belo texto. Me fez refletir sobre muitas coisas. Foi uma inspiração nesta manhã.
Que Deus vos abençoe.
Egon
E.T. – Estamos com muitas saudades de vocês.
UAUUUUU!!!!que lição!perfeito,pra vcs verem,ficaram conosco pouco tempo,nos marcou tanto,e outras pessoas tb que os conheceram,e até os que conheceram so da gente falar.. até hj,todos me perguntam,como esta aquele casal que esta dando a volta ao mundo..e nós sentimos falta,saudades!foi marcante pra nós aquele tempo.ontém mesmo conversavamos com Pr Marcelo,sobre vcs..imaginem as pessoas que convivem com esse casal tão RARO.devem esta com muitas saudades!!PESSOAS PRECISAM DE PESSOAS!pessoas geram pessoas.rsrs,amigos geram amigos!!e por ai vai!exemplo,agora somos amigos do Pr Marcelo,ja estamos progamando,incluindo vcs é claro,encontrarmos em 2011.UAUU,PRECISAMOS DE VOCÊS.beijo grande,DEUS ABENÇÕE.